Agrupamento de Escolas Visconde de Juromenha

A Ilha do Tesouro

(Ilustração) Numa gruta à beira-mar, um rapaz toca numa enorme pilha de moedas que homens colocam num cesto e carregam para um bote
Domínio Público George Roux, 1885

Um velho marinheiro numa estalagem pede ao filho da estalajadeira para estar atento a um lobo do mar com uma só perna. Depois das agitadas visitas de um ex-colega e de um sinistro pedinte cego, o marinheiro morre e Jim (assim se chamava o filho da dona da estalagem) encontra um mapa de uma ilha onde o pirata Capitão Flint escondeu o seu tesouro — e este é apenas o início de aventuras e desventuras que marcaram para sempre as populares histórias de piratas.

É deste livro de Robert Louis Stevenson recomendado pelo Plano Nacional de Leitura que se retira um excerto para os alunos de 7.º ano participarem no Concurso de Leitura 2020.

As leituras vencedoras (7.º ano):

  • 7.º 2, Luena:
  • 7.º 3, Maira:

Texto a ler

No dia seguinte, cerca das três horas da tarde, com um tempo inclemente de névoa e geada, vi alguém que avançava lentamente na estrada. Era completamente cego pois vinha tateando o caminho com um bordão à sua frente e usava uma grande pala verde que lhe encobria os olhos e o nariz. Andava muito curvado, ou fosse da idade ou da fraqueza e envergava um enorme capote de marinheiro, todo esfarrapado, com um capuz, o que lhe dava uma aparência disforme. Nunca vi na minha vida uma figura tão macabra. Parou a pequena distância da estalagem e elevando a voz, falou para o espaço na sua frente:

— Quem é a alma caridosa que quer informar um pobre cego que perdeu a luz preciosa dos olhos, na defesa da sua pátria, em que lugar do país se encontra agora?

— Está na estalagem do Almirante Benbow, bom homem — respondi-lhe — na Enseada do Monte Preto.

— Estou a ouvir uma voz de criança — disse ele, com uma voz arrepiante — Quer dar-me a mão, meu amável amiguinho e levar-me lá para dentro?

Estendi-lhe a mão e aquela horrível criatura sem olhos, mas de falas tão doces, agarrou-a imediatamente como uma garra. Fiquei tão apavorado que tentei libertar-me. Mas o cego puxou-me para ele.

— Agora, meu rapaz, leva-me onde está o Capitão!

— Oh! Senhor, não me atrevo!

— Leva-me já onde ele está, ou quebro-te o braço! — E dizendo isto, apertou-me o braço de tal forma que gritei de dor.

— Vais levar-me onde ele está e quando ele me vir, dizes bem alto: «Está aqui um teu amigo, Bill!»

Entretanto, o terror que o mendigo cego me inspirava era tal que entrei na estalagem e pronunciei bem alto as palavras que ele me indicara. O pobre Capitão levantou os olhos. O seu rosto denotava terror e angústia mortal. Fez um movimento para se levantar mas as forças faltaram-lhe.

— Bill, deixa-te estar onde estás! – pronunciou o mendigo — Não vejo, mas ouço, nem que seja o mexer de um dedo. Negócios são negócios. Estende a mão direita!

Vi-o passar qualquer coisa que trazia na mão para a palma da mão do capitão.

— Pronto! – disse o cego — Já tens a marca negra dos piratas!

E, ao dizer isto, saltou para fora da sala com uma agilidade incrível. O Capitão pôs-se de pé num salto, mas cambaleou logo a seguir, agitou-se e depois caiu redondo no chão. Estava morto.

Robert Louis Stevenson, A Ilha do Tesouro.

Texto para alunos de 8.º ano: Moby Dick, de Herman Melville.