Agrupamento de Escolas Visconde de Juromenha

Três Minutos de Leituras Camonianas: V Centenário de Camões

Logótipo «Visconde TV» parcialmente sobreposto a rosto de homem com olho direito fechado, barba e «Luís de Camões 500» sobreposto ao lado de fotos de jovens sobre fundo esverdeado

Filmámos alguns alunos do 5.º 4, 6.º 1, 6.º 3, 7.º 2 e 9.º 4 a fazer breves leituras de Camões, uma primeira iniciativa Ler Camões integrada nas comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões promovida pela nossa biblioteca escolar e pela Rede de Bibliotecas Escolares.

Com a ajuda dos seus professores, escolheram-se alguns textos, ensaiaram-se — por muito pouco tempo, porque coincidiu com um período de avaliações — e na biblioteca fizeram-se as gravações, estreando algum equipamento audiovisual do nosso Laboratório de Educação Digital aí instalado. Vejam aqui:

Só aproveitámos parte das leituras: a Rede de Bibliotecas pediu às escolas um vídeo de três minutos e a 23 de janeiro, dia em que se julga ter nascido Camões, divulgará esses vídeos nas suas redes sociais.

Fiquem descansados: foi apenas a primeira emissão da Visconde TV, um novo canal vídeo da biblioteca. Sabemos que não ficou perfeito, mas as vítimas, perdão, voluntários vão voltar. Fiquem atentos que nós depois avisamos.

Os primeiros leitores

  • Alexandre P. (9.° 4);
  • Beatriz C. (6.º 1);
  • Carolina C. (5.º 4);
  • Deila F (7.º 2);
  • Laura C. (5.º 4);
  • Luana J. (5.º 4);
  • Marian (6.° 3);
  • Matilde S (7.º 2);
  • Nikolas F. (5.º 4);
  • Sara G (7.º 2);
  • Uliana S. (6.° 1).

Os textos lidos (excertos)

Busque Amor novas artes, novo engenho

(...) que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor,
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Extremos são de amor os que padeço

Extremos são de amor os que padeço,
Ó humano tesouro, ó doce glória;
E se cuido que acabo então começo.
Assim te trago sempre na memória;
Nem sei se vivo, ou morro, mas conheço,
Que ao fim da batalha é a vitória

Verdes são os campos

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E, em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Os Lusíadas: Canto 1

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que só para mim
Anda o mundo concertado.

António Padilha, Paulo Capote, Tiago Ferraz, Helena Caroça, Joana Almeida, Maria Matias, António Lopes e Paula Soutinho, 21 de janeiro de 2025